sábado, 2 de agosto de 2008


Black Panthers


Partido do pantera negra para autodefesa ou Black Panther Party, foi organizado em 1.966 na pequena cidade operária de Oakland na Baía de São Francisco (Califórnia), pelo poeta Bobby Seale e pelo mais tarde advogado Huey P. Newton junto com a comunidade local. Os Black Panther assumiram o orgulho de ser negros sem pedir desculpa pelo fato. Agressivos, radicais e ideologicamente preparados mostravam-se capazes de criar uma consciência política radical entre os negros americanos. Eles eram um grupo político social que visava proteger e ajudar a comunidade negra que na época era muito discriminada, tanto moralmente, quanto fisicamente, quando policiais batiam em negros pelo simples fato de desconfiarem deles ou pelo simples fato de não ter nenhum fato. Patrulhavam as ruas armados com Berettas, vestiam jaquetas de couro e boinas pretas, amparados por uma lei estadual que dizia que todo cidadão cuja integridade física fosse ameaçada poderia portar uma arma de fogo e empregar o uso da força. Essa lei se encaixava perfeitamente com a proposta dos Panteras de defender os negros do racismo e violência da polícia de Oakland, a qual o grupo confrontava-se de igual para igual sem serem detidos.
Acreditavam que o socialismo marxista era a solução a solução para os problema de sua gente e estavam dispostos a tudo para realizar, a qualquer custo, a grande revolução que iria transformar o racista Estados Unidos da América do Norte num país onde o povo negro seria reconhecido.
“Os Panteras Negras não são contra os brancos. Somos contra a opressão. Não se combate racismo com racismo” Bobby Seale.

Formação


Influenciados, à distância, pelas pregações de Malcom X, o líder muçulmano negro de New York, repudiaram a determinação evangélica de “dar a outra face” e resolveram partir para a ofensiva, com uma única palavra de ordem: “Defendam-se”.
Foi assim que, juntamente com outros jovens idealistas como Little Bobby Hutton, na época apenas um menino, criaram o partido dos Panteras Negras em Legítima Defesa.
Os panteras negras, juntamente com outros grupos organizados da década, constituíram a principal base do movimento Black Power (Poder negro).
O livro vermelho, de Mao-Tsé-Tung, com a doutrina de revolução maoísta chinesa, não só serviu para lhes fazer a cabeça, como para garantir o dinheiro com o qual iriam armar-se: os exemplares eram vendidos, com boa margem de lucro, nas universidades e demais locais freqüentados pelos jovens americanos, na maioria descontentes com o sistema. Seale tornou-se o presidente do partido, e Huey seu ministro da defesa. Por vezes andando armados e fardados, mesmo sem disparar um só tiro, a simples presença desse grupo paramilitar intimidava os mal preparados policiais e outros racistas civis. Pouco a pouco, foram dividindo a opinião pública e cativando aqueles que já estavam cansados da balela dos discursos pacifistas.
Quando Malcom X foi assassinado e sua viúva, Shabbaz, esteve na Califórnia, foram os Panteras que cuidaram da sua segurança durante entrevista que ela concedeu à revista negra Ramparts Magazine. A determinação do grupo chamou a atenção e despertou interesse do repórter Eldrige Cliver, que meses mais tarde tornou-se ministro das informações dos Panteras Negras.


Ideais

O partido tinha 10 ideais, sendo 8 pontos de atenção para seus membros,e 3 normas básicas de conduta:
- Devolução de tudo o que foi roubado dos negros americanos em 400 anos de exploração;
- Liberdade aos negros encarcerados injustamente;
- Emprego;
- Moradia;
- Respeito;
- Isenção do serviço militar;
- Justiça;
- Fim da violência contra a população afro-americana;
- Fim do racismo;
- Um governo de negros para os negros.


Com esse programa os Panteras conquistaram milhares de novos adeptos que antes olhavam o partido com desconfiança. E antes da oficialização do Partido dos Panteras Negras, o mundo todo já havia visto o símbolo dos Panteras em 1.968, nas Olimpíadas do México quando dois atletas negros – Tommie Smith (medalha de ouro nos 200 metros rasos) e John Carlos (bronze na mesma modalidade) – subiram no pódium e comemoraram sua vitória de punho cerrado e braço erguido.

Programas sociais


Os panteras também faziam trabalhos sociais voltados para a comunidade negra, organizavam programas de pequeno almoço grátis, ensinavam cuidados de saúde e criavam centros clínicos de atendimento gratuito. Eles não só queriam que a população soubesse o que estava acontecendo, como queriam também sua independência do estado paternalista.

Perigo para o sistema


No governo de Ronald Reagan foi revogada a lei do porte de arma jogando as atividades de auto-defesa das comunidade na ilegalidade. Um grupo de 29 panteras invadiu a assembléia para impedir a aprovação da lei. Bobby Seale argumentou que a lei Mulford era racista,
pois visava deixar os negros discriminados e fracos, enquanto a polícia do país inteiro intensificava a violência contra os negros. A resposta à manifestação foi a prisão dos panteras protestantes e Seale ficou 6 meses fora de circulação

União

Em julho de 1.967, o estudante Strokely Carmichael, que havia lançado em New York o movimento Black Power, juntou-se aos Panteras Negras, unificando-se os dois
movimentos. Ao lado do romantismo revolucionário, marcado por slogans como “Black is beautiful” para a elevação da auto-estima da população negra, havia o treinamento de guerrilha urbana que resultou em violentos confrontos com inúmeras baixas em ambos os lados, milhares de feridos e presos por todos os E.U.A..


Mais participantes

Os simpatizantes do movimento não se restringiam a artistas intelectuais e atletas negros, muitas personalidades, ou não, faziam parte do movimento não importando se eram negras ou não, afinal o movimento não era uma seletiva, aliás, havia uma seletiva sim, mas estritamente ética e psicológica. Alguns simpatizantes: John Lennon, Fidel Castro, Jean Genet e até o maestro Leonard Bernstein, que chegou a fazer uma audição para arrecadar fundos para os Panteras Negras. Mesmo sem filiar-se ao movimento, a professora de filosofia Ângela Davis, que era líder feminista acabou se envolvendo ao movimento. Em 1.970 ela se apaixonou pelo pantera George Jackson que estava preso havia 12 anos, acusado de roubo. Em agosto daquele ano o irmão de George, Jonathan Jackson, mais três panteras invadiram com armas em punho o tribunal de Marin County para libertar outros três negros que estavam sendo julgados, houve tiroteio e alguns mortos; Ângela foi acusada de ter comprado as armas para a invasão, entrou para clandestinidade, foi pega pelo FBI, ficou presa por 17 meses até ser julgada e considerada inocente.

Populismo incomoda sistema

A expressividade mundial do movimento incomodou demais o governo americano, que não poupou esforços para dizimar o movimento, mobilizando do F.B.I. até a máfia para acabar com o mesmo. Os panteras tinham presença indispensável na maioria das manifestações contra o racismo, a guerra do Vietnã, a opressão e o capitalismo selvagem.
Quando Bobby Seale estava pra ser solto, dois policiais tentaram deter Huey Newton, que reagiu, ele não estava armado, mas houve disparos e um policial, John Frey, morreu. Tudo indica que foi atingido por um colega, que também acertou Huey. Gravemente ferido, o
pantera foi levado a um hospital, onde um grupo de policiais o algemou à maca e o espancou, mas graças à chegada da imprensa, foi poupado e sobreviveu. Mas foi acusado pelo assassinato do policial. Mesmo com essas prisões, a situação estava incontrolável e se agravou em 1.968, com o assassinato do reverendo Martin Luther King Jr.. Conflitos raciais surgiram por todos os E.U.A..
Nem o F.B.I., nem a C.I.A., nem mesmo o governo americano podiam envolver-se num confronto direto com os Black Power para não provocar um levante.

Pouco a pouco se desfazendo

Pouco a pouco, em dez anos, seus líderes foram sendo executados – como Fred Hampton, líder do movimento em Chicago, foi morto com 97 tiros, dos quais apenas um não saiu de uma arma policial -, encarcerados sobre falsas acusações ou sendo desacreditados pelos
demais, sob suspeita de serem espiões do F.B.I.. Paralelamente, a máfia fortaleceu a distribuição de drogas nos redutos habitados por negros, minando as forças e ânimo do povo para a luta. Huey foi assassinado em 1.989. Bobby ainda vive, dando aulas e palestras em universidades da Pensilvânia. Ângela Davis, que em 1.972 candidatou-se à vice-presidência dos E.U.A. pelo partido comunista, vive em Oakland e continua militando, mas condena a violência. A extinção completa do partido ocorreu em 1.982.
O partido terminou, mas as idéias continuam vivas, e quando menos se espera há o surgimento de novos Panteras Negras.
"Você pode encarcerar um revolucionário, mas não pode encarcerar a Revolução”.Huey Newton


texto retirado do zine "MOVIMENTO DIRETO" da punk NAYARA