sábado, 25 de setembro de 2010

Desde a Cidade do México: Estamos com Mumia!
Na terça-feira, 21 de setembro, cerca de 150 pessoas se reuniram na Câmara de Juarez, na Cidade do México, para exigir vida e liberdade para o preso político Mumia Abu-Jamal. O ato de fala, música, dança e arte foi fortalecido pela chegada de um bando de aproximadamente cinqüenta ciclistas em defesa do ar que respiramos e no apoio de todos os presos e presas políticas.
Contamos com a participação de vários ex-presos e presas políticas do México, inclusive Jacobo Silva Nogales, Gloria Arenas, Mariana Selvas e Edith Rosales, assim como a família do atual prisioneiro político Victor Herrera Govea.
O companheiro Jacobo disse: "Fomos chamados para estar nesta jornada com Mumia com a pergunta se podíamos estar. E como não poderíamos estar se tudo nos move para estar com Mumia? Estamos com ele... porque nós somos pela vida, porque estamos com os lutadores sociais, porque somos contra o racismo, porque somos a favor da justiça, porque estamos com os presos políticos, porque estamos com aqueles que não se rendem, por isso estamos com Mumia e por Mumia. Porque quando se grita viva Mumia Abu-Jamal! não se trata de um dos muitos gritos jubilosos, mas uma afirmação verdadeira pela vida de alguém que deve viver e cuja vida está em perigo: Viva Mumia Abu-Jamal!".
No evento, tivemos a presença de observadores dos direitos humanos do Coletivo Contra a Tortura e a Impunidade (CCTI), com o apoio de indivíduos e grupos da Outra Campanha, Cruz Negra Anarquista, grupos de estudantes e de vários grupos do Auditório Che Guevara, especialmente o Comedor, que proporcionou um delicioso ceviche vegetariano. Cronópios, Ke Huelga Rádio, CML, Regeneración Rádio, Rádio Okupa, Notícias da Rebelión e Rádio Zapote são alguns dos meios de comunicação independentes que prestaram assistência especial.
Todos se animaram com a música de Emexce, Zona Norte e Kukulkan Sonido Anti-sistema com uma nova canção de apoio à Mumia, e com o break dos b-boys e b-girls dos Twisted Flavors e convidados. Também contamos com a música da Outra Cultura Inlakech, com o seu bom som de blues, e a Outra Cultura do DF, com sua canção original em apoio a Mumia que cantam onde quer que vão.
Um representante do/as Amigo/as de Mumia do México contou que está claro que o Estado estadunidense não está em conformidade com as recentes decisões da Suprema Corte, que conduzem à morte de Mumia Abu-Jamal, mas procura aumentar a hostilidade da opinião pública contra ele para justificar a sua execução. O novo documentário Barrel of a Gun (O cano da arma), do cineasta supostamente independente Tigre Hill, apoiado pela Ordem Fraternal da Polícia, não é senão um exercício de difamação. Ademais de ser um ataque pessoal contra Mumia, é um ataque contra as organizações que têm sido importantes em sua história.
Disse: "Estamos aqui hoje para dizer NÃO à criminalização de Mumia Abu-Jamal e a sua luta. Da mesma forma que o próprio Mumia se defende nos seus escritos os esforços dos Panteras Negras e do MOVE para alcançar mudanças necessárias e positivas no mundo, nós... reconhecemos estes esforços como experiências valiosas. O Mumia Abu-Jamal que nós conhecemos através de seus ensaios semanais e os seis livros que ele escreveu do corredor da morte... é um homem integro e corajoso, comprometido com a mudança social. É um escritor que sabe como colocar um evento atual em seu contexto histórico e desvendar muitos dos processos que estamos vivendo. Em especial, apreciamos a sua solidariedade com as lutas sociais aqui no México e no mundo."
No evento lemos em voz alta vários textos de Mumia Abu-Jamal sobre questões que falava da pena de morte como uma forma moderna de linchamento, a BP [British Petroleum], Arizona, a organização MOVE e a natureza do Estado.
Também lemos alguns trechos do relatório escrito por Michael Schiffman e Anton Reiner e publicado em Abu-Jamal News sobre a recente visita de ambos com Mumia, onde destacaram a sua energia contagiante, sua lucidez e sua alegria de viver em meio a um inferno de aço e arame, onde vive com a luz sempre acesa, sem contato físico com os entes queridos, sem fruta e verduras frescas, em uma pequena cela sem cor. Só deixa a seu cela acorrentado pelas mãos e pés. Agora não tem máquina de escrever. Escreve tudo sentado na cama com um cartucho de caneta. Uma das coisas que mais gosta é de receber postais coloridos. Enfatizam os companheiros que durante a sua visita, "Mumia insiste mais uma vez que, independentemente de qualquer teoria política, o mais importante é se organizar”. Ele disse: "Ninguém deve subestimar o que um grupo de pessoas organizado pode conseguir, mesmo que seja um pequeno grupo. Minha própria sobrevivência é uma prova da capacidade da ação organizada”.
De certa forma, o ato refletia muito das atuais lutas no México. Ao expressar seu apoio para Mumia, várias pessoas convidaram a todos para participar nas manifestações contra a COP 16 em Cancun, em novembro-dezembro, e também pediram apoio para as comunidades zapatistas sob ataque, e ao município autônomo de San Juan Copala que vem enfrentando um massacre. Estiveram presentes aqueles que resistem à destruição das comunidades de Magdalena Contreras e Tlahuac na Cidade do México e que se opõem ao porrismo na CCH Vallejo. Foi conversado sobre a necessidade de defender a recuperação das terras indígenas em Ostula, Michoacán e de apoiar à polícia comunitária lá e em Guerrero, que se organizam pela auto-defesa de suas comunidades.
Várias pessoas manifestaram o seu apoio aos presos políticos do México e, sobretudo, para Victor Herrera Govea. Sua irmã Maria tomou a palavra: "...Julgamentos injustos... Já os conhecemos, aqui e ali fazem parte da vida cotidiana, são parte da arma do governo contra as pessoas que não se calam ante o absurdo deste mundo desigual e devastador. Como o caso de Mumia, e muitos outros no mundo, é o de Victor Herrera Govea, preso desde 2 de outubro de 2009 por cometer o crime de ir participar de uma marcha para repudiar o massacre que aconteceu 41 anos atrás e que, ademais, a cada momento, segue acontecendo em todos os cantos do território mexicano... O julgamento contra ele também foi irregular... E depois de tudo, entendemos que essas decisões não são jurídicas, são a resposta desesperada de um tirano que vê seus interesses ameaçados, é um murro em defesa própria que dá Golias ao ver que Davi o enfrenta... A vitalidade e as constantes denuncias que Mumia continua fazendo do corredor da morte, de não se curvar após um período de 29 anos, é muito irritante para o governo dos Estados Unidos... A luta de Mumia é a nossa luta, sua morte é a nossa morte, sua vida é a nossa vida, a liberdade de Victor é a nossa liberdade”.
Entre outros presos políticos no México se encontram os presos indígenas Alberto Patishtán em Chiapas e Abraham Ramirez Vazquez em Oaxaca e os presos Loxicha também em Oaxaca, igualmente os anarquistas e eco-anarquistas detidos nos últimos meses. Houve apoio para alguns presos políticos internacionais como Leonard Peltier, os 9 do MOVE, os 3 de Angola, os 5 cubanos presos nos Estados Unidos, os prisioneiros políticos palestinos, os presos mapuche em greve de fome no Chile e os anarquistas presos recentemente no Chile.
O representante do/as Amigo/as de Mumia disse: "Estamos aqui hoje para dizer NÃO à pena de morte para Mumia Abu-Jamal e para exigir a abolição da pena capital no mundo. Opomo-nos também a longas penas como a prisão perpétua. Agora vemos que as autoridades no México tentam replicar esses aspectos do sistema judicial dos Estados Unidos, que só resultou em terríveis injustiças e sofrimento humano. Nós estamos aqui hoje, porque queremos um mundo sem prisões. Em particular, rejeitamos totalmente a replicação no México do sistema penitenciário estadunidense, que resultou na construção em massa de prisões, a privatização das prisões e uma explosão da população prisional. Estamos aqui para exigir liberdade para todos os presos e presas políticas no México e no mundo. A recente vitória da libertação dos prisioneiros de San Salvador Atenco mostra que é possível liberar a todas e todos os outros”.
Foi relatado que ao seguir com a bicicletada os ciclistas não puderam passar pela Embaixada dos Estados Unidos, mas bloquearam a rua durante alguns minutos gritando "Free Mumia!"
Amigo/a s de Mumia no México

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